Quando foi que apagaram as luzes
E descolaram-se as retinas?
E pro seu filho que nasce daqui a vinte dias
O que você vai dizer quando ele perguntar
Qual é a cor do dia lá fora, agora?
Qual é a cor do dia, Mãe?
Você escolhe o tato do enxoval
E o Azul é por conta do costume.
Você vai ensiná-lo a não largar os brinquedos espalhados
E quando ele crescer vai lembrá-lo de nunca mudar os móveis de lugar.
Pois você já gravou todos os caminhos da casa.
Dói, e ainda mais pra você, Mulher, que não nasceu cega,
que já sentiu o brilho de todas as cores.
E falando em cores, não sei se por ironia,
já te contaram que seu filho virou pintor, Moça?
Ouvi dizer que na última tela ele pintou um teatro,
com expressões de paz e todos os atores estão vendados.
Assim como você.
O teatro tem o brilho de todas as cores
e elas fazem questão de estar em alto relevo
pra que você possa tocar, fazer parte do espetáculo
e se tornar a cor chave,
de um Teatro de Tintas.
2 comentários:
mandou nesse, arrepiou.
Esse texto está muito humano. Gosto disso.
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